A História da menina que voou

11-05-2023

Um pouco reluntante para contar esta história que tanto me ensinou… Talvez seja cedo ou, atrevo-me, demasiado tarde.

Bem, vejamos como soa.

Era uma vez uma menina, esta que outrora se haveria agarrado a uma mão que passado segundos, ou assim lhe parecera, a largou. Sim, largou aquela menina no meio de uma tempestade terrível. Onde os gritos roubaram o conceito ao vento. Onde a chuva sentia-se como pedra. E lá ela ficou, deitada, num desespero que ninguém deveria sentir.

Eu observei o eclipse de duas almas ali. Pois é… ainda não cheguei a essa parte da história.

Cansada e sem forças para se levantar ela. mantinha-se deitada, até que apareceu alguém que a ajudou a levantar-se. Numa epifania, aquelas duas almas juntaram-se. Como se fossem a mesma. Será que não eram? Talvez fossem.

A alma da menina era tão pura que nem os deuses se atreveriam a tocar-lhe. Como um anjo caído. A sua energia exteriorizava sinceridade.

Por outro lado, aquela outra alma era um pouco mais sombria, misteriosa. Ninguém o conhecia, e todos aclamavam por ele. Upss, ainda não referi que é um ele?

Se aquela menina era um anjo caído, este assemelhava-se, mas fora esquecido. Tamanha a tristeza.

Ela olhou e observou cada detalhe daquele que a segurou com firmeza.

Ele não o fez. Como se soubesse que se o fizesse se perderia. Não o censuro, era o que possivelmente aconteceria.

Ela sentia que tinha encontrado alguém que lhe era semelhante. Do meu ponto de vista, que dentro das circunstâncias era o mais racional, ele era a verdadeira definição de paradoxo aquando comparado àquela menina. Mas todos nós nos deslumbramos.

Continuando. Ela estava caída, e levantou-se de mãos entrelaçadas com aquele que a segurava. Ela caminhava tão levemente que parecia que voava. E, de facto, durante algum tempo ela aprendeu a voar. E foi quando ela mais se sentia livre que aquela alma que tanto se assemelhava, a largou.

As mãos dantes entrelaçadas agora separam-se, e esta voou para tão longe que aquele que a segurava a observou até que a mesma se desvanece-se.

Agora perguntam: "Como assim?", "Para onde é que a menina foi?", "Para onde é que ele foi". Muito sinceramente, cá de cima, só o vejo um pouco mais perdido.

Ele largou-a com medo de se perder, e acabou a perder-se, por tê-la perdido.

Bendita seja ela que, se outrora comparada a um anjo, agora brilha como mais nenhum brilhará. Talvez fossem a mesma alma, ou talvez apenas vibrassem a mesma energia. Essa que não fora forte o suficiente para que os dois voassem.

Ainda o oiço. Mas desta vez voei tão alto que, aqueles gritos de desespero, não passam de meros suspiros.

© 2024 Textos Matilde M. Cardoso. Todos os direitos reservados.
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